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Gigantes da tecnologia tentam dar mais privacidade a usuários, mas esbarram no próprio modelo de negócio

As empresas de tecnologia costumavam ser recebidas com entusiasmo quando apresentavam um novo produto ou serviço. Mas já não é mais assim. Um exemplo foi o anúncio da Libra, a criptomoeda do Facebook, que deixou reguladores econômicos, governos e mesmo os consumidores ressabiados, questionando a entrega de detalhes financeiros para a rede social.

Pressionadas nos últimos tempos, as gigantes Google e Facebook anunciaram medidas recentes em favor de mais privacidade, mas ainda esbarram no próprio modelo de negócios, em que os dados dos usuários são uma “moeda” importante para traçar perfis e vender publicidade direcionada, dizem analistas ouvidos pelo G1.

“Continuo curioso para ver até onde esses anúncios recentes [sobre privacidade] vão ser levados a sério e se vão eventualmente afetar essas empresas financeiramente, ou e se elas estão realmente buscando uma transformação em seu modelo de negócios”, diz André Gualda, analista do laboratório de tendências da Ericsson.

Ele explica que a maioria dos serviços, tanto do Google quanto do Facebook, depende de anúncios e algoritmos que se alimentam de informações pessoais de seus usuários.

Na prática, segundo ele, existe uma troca: quanto maior a privacidade, menor o valor dos anúncios e a efetividade dos algoritmos.

As promessas das empresas

As gigantes da tecnologia, incluindo a Apple, que usa a privacidade como marketing, trataram do assunto em seus “megaeventos” voltados a desenvolvedores, onde o tema privacidade não costuma ser destaque.

Todos os “chefões” tiveram algo a dizer sobre o assunto nas conferências — o G1 esteve nas três.

Mark Zuckerberg sobre privacidade e Facebook — Foto: Arte: Juliane Souza/G1

Mark Zuckerberg sobre privacidade e Facebook — Foto: Arte: Juliane Souza/G1

No Facebook, alvo de escândalos no último ano, o tema foi vendido pelo presidente Mark Zuckerberg como uma nova etapa na vida da empresa.

Zuckerberg chegou a afirmar que “o futuro é privado” — uma visão que vai de encontro às atitudes anteriores da rede social. E disse que a rede social vai focar agora nos grupos e em conversas entre usuários.

Não foi anunciada, no entanto, nenhuma medida que aumente o controle do que é compartilhado pelos perfis com a empresa.

Sundar Pichai sobre privacidade e Google — Foto: Arte: Juliane Souza/G1

Sundar Pichai sobre privacidade e Google — Foto: Arte: Juliane Souza/G1

O Google apresentou ferramentas para facilitar as configurações de privacidade nas contas da plataforma. E prometeu para o Android, que roda em 2,5 bilhões de smartphones em todo o mundo, uma loja de aplicativos mais segura e atualizações mais fáceis de serem feitas.

Enquanto o presidente da empresa, Sundar Pichai, anunciava as novidades, um avião sobrevoava o auditório ao ar livre onde a conferência ocorreu, nos arredores de São Francisco, carregando a frase: “Controle do Google não é privacidade”.

Em artigo no “The New York Times” publicado no mesmo dia, Pichai escreveu que usuários definem o que é privacidade de maneira muito própria. “Isso significa que privacidade não pode ser um bem de luxo, oferecido apenas a quem pode pagar por produtos e serviços premium”, completou. Era um recado claro à Apple.

Tim Cook sobre privacidade e Apple — Foto: Arte: Juliane Souza/G1

Tim Cook sobre privacidade e Apple — Foto: Arte: Juliane Souza/G1

Na conferência da Apple, o vice-presidente de software da Apple, Craig Federighi, repetiu um mantra já dito pelo presidente Tim Cook: “Nós acreditamos que privacidade é um direito humano fundamental e nós colocamos isso em tudo que nós fazemos”, afirmou.

A empresa mostrou um recurso para login seguro em aplicativos ou serviços, uma função dominada hoje por Google e Facebook.

O anúncio veio já com uma aura de proteção: a Apple afirma que não compartilha informações com os aplicativos parceiros e até permite a criação de uma “máscara de e-mail” para manter até mesmo essa informação segura.

Preocupação cresceu

“Nós estamos começando a entender que nossos dados são uma moeda de troca e devem ser tratados como tal”, afirma Luiz Arruda, diretor da consultoria de tendências WGSN Mindset na América Latina.

De acordo com um estudo da consultoria de dados Acxiom, os consumidores podem ser divididos em 3 perfis, que têm relações diferentes com a privacidade no mundo digital:

  • Pragmáticos: aqueles que estão dispostos a trocar alguns dados, dependendo do serviço e analisando caso a caso;
  • Fundamentalistas: aqueles que não estão dispostos a compartilhar informações nem por tecnologias boas;
  • Despreocupados: aqueles que não ligam para a questão da privacidade de dados.

Nos Estados Unidos, os pragmáticos são maioria, 58%; seguidos por fundamentalistas, 24%; e por despreocupados, 18%.

Entre os americanos, 48% afirmam estar mais preocupados com como seus dados são usados do que no passado — número que sobe para 55% no Canadá e para 73% na Holanda.

Uma pesquisa da Ericsson realizada no ano passado apontou as principais preocupações dos usuários de plataformas digitais no mundo:

  • perfis falsos (54% das respostas)
  • notícias falsas (51%)
  • anúncios invasivos (48%)
  • problemas relacionados à privacidade (41%)

“O ponto mais importante agora é o controle de danos”, diz André Gualda, que ajudou a conduzir o estudo. “As redes sociais foram bastante expostas e hoje têm marcas fragilizadas em relação à privacidade e à confiança dos usuários.”

Segundo Arruda, da WGSN Mindset, os resultados da pesquisa nos mercados mais desenvolvidos podem ser trazidos para o Brasil. Ele avalia que a privacidade também tem peso para os brasileiros.

Quem vai se dar bem?

Para Gualda, as empresas perceberam que a privacidade se tornou um diferencial competitivo.

Nesse caso, o Google tem conseguido se sair melhor. Em seus anúncios recentes, o uso de inteligência artificial aparece como um dos investimentos ponta de lança para serviços de grande qualidade técnica — desde o assistente virtual de interação rápida até funções que permitem saber se o metrô está cheio, por exemplo.

“Os dados são o que fazem os produtos e serviços mais úteis para você”, escreveu o presidente do Google no “NY Times”.

A própria Apple utiliza os mecanismos de busca do concorrente— apesar das divergências em visão de privacidade entre as duas empresas. Em entrevista recente, o presidente Tim Cook afirmou que essa parceria existe porque o serviço do Google é o melhor do mercado.

E a preocupação com dados não vai ficar só nas empresas de tecnologia. “(Elas) lideram esse movimento porque são as mais pressionadas. O próximo passo é começar a ver essa preocupação indo para outros segmentos, outras categorias”, conclui Arruda, da WGSN Mindset.

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